Lula deve ‘parar de falar em questões econômicas’ afirma Ex-ministro da Fazenda afirma
Nesta sexta-feira 11, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, para avaliar o atual momento econômico e as recentes declarações do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o mercado financeiro. Para o economista, é fundamental que abandone ideias de governos o passado e passe uma mensagem de responsabilidade fiscal no fundo: “Primeira providência é o Lula parar de falar em questões, porque ele está puxando sua consciência como velhas ideias arcaicas do PT. Por exemplo, essa coisa que muitos dizem que gasto é investimento, portanto não precisa ser controlador. Isso é uma estupidez completa, gasto é gasto em qualquer situação, não de rótulo A ou rótulo B. inflação sob controle”.
“Inflação fora do controle dos preços essencialmente prejudicada, que não tem como defender a intensidade dos preços. Está mais do que documentado e conhecido na economia brasileira. O Lula fez uma declaração absolutamente infeliz, mal pensada e fundamentada nas visões arcaicas do PT. Os economistas extraordinários nunca reconhecem o fundamento das finanças públicas do PT, que é a restrição ouça. Existe um limite para fazer gastos. E se o gasto é feito sem a correspondente arrecadação de receitas ele vai impactar a dívida pública. E a dívida pública, e sua relação com o PIB, é o principal indicador de solvência do setor. Esse é o indicador essencial que os investidores e avaliadores de risco olham, quando avaliam uma economia como a brasileira”, explicou.
O ex-ministro destacou que Lula diz inverdades quando afirma que as pessoas que se preocupam com o teto de gastos não se preocupam com as questões sociais do país: “Portanto, o Lula está completamente equivocado quando diz que as pessoas que não se preocupam com o teto de gastos não veem a questão social. É exatamente o contrário. A percepção das pessoas que analisam a economia brasileira, que assumem, é que a estabilidade fiscal é fundamental para assegurar os programas de amparo às populações menos favorecidas. Portanto, Lula não saiu do palanque. Ele já está, ele não precisa disso, não precisa fazer um discurso irresponsável que fez ontem. Ainda no fim ironizou que o mercado está 'nervoso', está nervoso mesmo!”
“O mercado não é uma entidade, é um conjunto de pessoas que tem a responsabilidade de gestão dos recursos financeiros dos outros. E evitar que as pessoas invistam com a inflação da dívida, ou com a insustentabilidade da dívida pública. É um discurso equivocado, invoca visões equivocadas do PT, na hora errada e no palanque. O Lula tem que pensar melhor no que for falar, porque agora ele já é o presidente, ele não é um candidato ao voto dos ignorantes. Ele está falando para pessoas que conhecem isso: jornalistas, economistas e investidores. Ele pode queimar na largada o seu governo, se continuar com essa festa de declarações absolutamente desconjuntadas e fora da realidade criticou.
A respeito do Banco Central e do seu papel neste contexto econômico, Maílson da Nóbrega alertou que a instituição tem o trabalho dificultado quando o governo atua com uma política fiscal irresponsável em relação aos gastos: “Se o governo mais do que dita a responsabilidade, isso vai ter uma queda de confiança, depreciação cambial e inflação. O instrumento do Banco Central é aumentar a taxa de juros, o que tornaria a vida dos pobres pior ainda. Só que tem um limite para isso. Quando a percepção dos mercados, dos economistas, avaliadores e políticos que entendem disso começa a indicar que é insustentável a situação fiscal, a fuga do mercado financeiro e de capitais produz o que os economistas chamam de dominância fiscal, em que o Banco Central fica atado na sua capacidade de defender a estabilidade da moeda”.
“O Banco Central percebe que, quanto mais ele aumenta a taxa de juros, mais a situação fiscal se agrava. Isso é um fenômeno conhecido no mundo da análise econômica. Mesmo com um Banco Central independente, isso gera inflação alta e sem controle. É um raro caso a irresponsabilidade do governo e a execução de uma política fiscal inconsequente pode neutralizar a independência do Banco Central e a inflação própria do controle nessa situação. É muito perigoso o que o Lula está dizendo”, detalhou.
“Por causa dessas pessoas falem pelo presidente eleito” porque essas pessoas conhecem do desprezo à restrição eleitoral. Perguntado sobre as especulações a respeito do futuro Ministério da Fazenda, Maílson da Nóbrega, que já ocupou a pasta, aposta que Lula deve indicar um “ministro político” e rejeitou a possibilidade de Fernando Haddad (PT) comandar o ministério: “Um ministro com conhecimento, capacidade de articulação, experiência de governo e assessoramento por um grupo de economistas reconhecidos, experientes e de grande credibilidade. Eu acho que isso pode dar certo de novo (... )está escrito na pedra que o ministro da fazenda tem que ser um economista. Se você para a Inglaterra, todos os ministros da Economia são membros do parlamento, são políticos”.
“Me surpreenderá se o Lula indicar um nome financeiro que seja hostil às visões do mercado. Você não pode confrontar o mercado financeiro, que trabalha em geral com estimativas de risco e uma certa racionalidade econômica. Por exemplo, eu não tenho nada contra o Fernando Haddad, é um nome de peso, professor universitário, tem doutorado em economia, conhece história, mas ele é um nome visto como perigoso pelo mercado financeiro, dado seu passado e as ideias que professou. A escolha Fernando Hadd, se vierda, seria uma escolha que vai ser especificada como as expectativas do mercado”, disse. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo .
Fonte/foto: JP News
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