Presidente da Fiemt afirma "Europa ficou numa saia justa na COP 27"
Velho Continente fez muita propaganda contra combustíveis fósseis, mas hoje tem maior taxa de uso dessas fontes na história
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, afirmou que a União Europeia ficou ‘numa saia justa’ durante a Conferência do Clima (COP 27), que ocorreu no início do mês de novembro, no Egito. O motivo da ‘saia justa’ é que a Europa fez muita propaganda contra a geração de energia por meio de fontes consideras ‘sujas’, como o óleo diesel e carvão, mas passou a usar essas mesmas fontes para gerar a maior parte de sua energia nos últimos meses.
“A Europa ficou numa saia justa lá, porque na COP-26, em Glasgow, em território europeu, no ano passado, todo mundo só falava que precisava de energia limpa, tinha que descarbonizar a economia, parar de gerar energia com fonte suja. A Europa vai fechar 2022 com maior consumo de carvão para usinas térmicas e fonte de energia de toda a história”, disse Gustavo, em entrevista à Rádio CBN Cuiabá na terça-feira (20). A razão para a Europa estar usando fontes de energia consideradas 'sujas', que pioram o quadro das mudanças climáticas, é a guerra entre Rússia e Ucrânia. Após o início do conflito, em fevereiro deste ano, diversos países aplicaram sanções econômicas contra o país agressor. Como consequência, a Rússia reduziu o fornecimento de gás natural para a Europa e estabeleceu que só aceitaria pagamentos em rublos, a moeda oficial russa, o que acabou por reduzir ainda mais o número de compradores.
Além disso, houve uma sabotagem em dois gasodutos, o que impediu por completo o fornecimento de gás natural. Com a chegada do inverno no velho continente, os europeus precisaram voltar a usar carvão para gerar energia e aquecer as residências contra o frio que, em alguns países, deve ficar abaixo de 0 graus por vários meses.
Ainda de acordo com Gustavo, que esteve na Conferência no Egito, isso serviu para a Europa se “lembrar” que cerca de 800 milhões de pessoas no mundo não possuem acesso à energia elétrica, e que cerca de 1 bilhão de pessoas em todo mundo passam fome, principalmente na Ásia e na África.
Gustavo ainda cobrou uma contribuição maior dos países ricos para conter as mudanças climáticas, já que foram eles que mais se beneficiaram com a ‘carbonização’ da economia no último século.
“Não tivemos uma solução para o financiamento claro disso. Isso ficou para a próxima COP, aliás, como sempre tem ficado para a próxima Conferência do Clima. É fundamental os países se organizarem para chegar na próxima Conferência, que vai ser em Dubai, já com soluções para apresentar, com metas claras e com o desdobramento de quem vai ajudar a atingir essas metas”, concluiu.
Por : Felipe Leonel/foto: FIEMT
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